quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Botão de Camisa Mal-Passada

É um bom jeito de começar a escrever, creio eu.
Sempre é bom jogar algo completamente estranho para o leitor para que, ao se chocar com essa idéia absurda de alguém ser um botão de camisa e ainda por cima de camisa mal-passada, aceite mais facilmente as realidades ligeiramente fantasiosas do escritor do drama humano. Quem nunca ouviu relatos sobre o menino que diz para mãe que engravidou uma menina e depois conta que foi mal na escola apenas. O fato é, que logo depois de um choque forte, um de 110 não chega a fazer mais que cócegas.
O drama humano apresentado seria o de um homem que luta para que sua família o aceite como é. Ele não é homossexual, não está apaixonado por uma Julieta e também não faz parte de nenhuma seita. Ele é apenas um cara comum em uma família incomu que não o aceita como é.
Sua família, grande e descolada, veio da geração de sessenta e é considerada extremamente alternativa. Seu pai, grande professor de universidade, profissa filosofia e sua mãe, pequena botânica, maconha seus supostos amigos. Irmãs não tem, mas possui um irmão que circula todos os points artísticos de São Paulo a procura de diversão a três.
Não tem problemas eles, mas também não concorda com seus atos. Ele gosta mesmo é de ouvir pop na rádio preferida da juventude e adora passear no shopping e comprar roupas de surfista.
Sua família o rejeita como quem aceita um pedaço de queijo fétido, torcendo o nariz e agradecendo com sorriso amarelo. Não entendem como um dos seus conseguiu adquirir gosto tão estranho para a moda, que aliás, diz ser dos lenços nessa temporada.
Sua mãe oferece maconha a seu filho mais novo e ele diz não interessar, seu pai discorre sobre Sócrates e suas perguntas e o menino só consegue esboçar um "o quê?", a la Sócrates, tímidamente. Seu irmão o convida para uma festinha só de meninas e ele recusa, achando tudo muito nojento.
Não conhece ninguém igual a ele. No centro de sua cidade só existem pessoas alternativas, pessoas diferentes e ele se sente diferente das pessoas diferentes. Ele se sente como um botão de camisa, uma camisa mal-passada e da qual não queria fazer parte.

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