quinta-feira, 3 de setembro de 2009

O Cubo

Era um cubo. Um cubo e seu ocupante.Eram os dois completando um ao outro. Conteúdo vivo dentro de objeto inanimado. Paredes, teto e chão que acolhiam com desejo todo os músculos e ossos de seu interior.
Aos poucos o que era cômodo começa a transformar-se em incômodo. O Cubo começa a diminuir de tamanho, ano a ano ele se fecha em si mesmo e no seu interior o ocupante começa a se sentir desconfortável. Após alguns anos o interior já está todo mudado, não é mais possível ficar em pé e quase não dá para ficar agachado. Mês após Mês diminui, mês após mês se encolhe no canto de seu cubo. No fim do terceiro ou quarto ou quem sabe quinto ano o ocupante já está todo encolhido no canto. Sua respiração fica ofegante. O ar fica viciado. Aquele calor o faz suar e se desesperar. O cubo não possui portas, o cubo não possui janelas, o cubo não possui nada alem de suas paredes ásperas. Aperta, aperta. Ele já não consegue mais se mover, o cubo comprime seu rosto nas pernas, suas costas estão arqueadas e doem, músculos que não se movem a meses sofrem espasmos e a dor é quase insuportável. Crack, uma costela se parte, com a dor um grito de desespero se abafa no ar que já quase não existe. Qual o motivo disso? será que não há fim? Ele só queria morrer. Não, não irá. Sofrerá até o último instante. Sangue no pulmão e com seu próprio se embebeda. tosses, cospe sangue, e agonia. Enquanto puder, eu irei apertar esse cubo e ele sofrerá. Sofrerá tudo que tem para sofrer e não descansarei, farei reviver e em um cubo colocarei. Ano após ano. Sempre.

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