quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Um pouco de Chico, um de Caetano, um de Gil

E a moça atenta acompanhava-o enquanto seus dedos dedilhavam o instrumento de cordas maltratadas e compassadas, com um pé que não parava de bater e com músculos que se esforçavam em conjunto. O som era alegre e fazia-a sorrir desmedidamente. Seu coração irradiava alegria e a vontade era de chorar e largar seu lugar e correr para seus braços, jogando-o no palco de madeira, sem ligar para a multidão de moças que também observava-o atentamente, cada uma com sua paixão secreta e declarada abertamente nos rostos de todas.
A iluminação amarelo-ouro do local e os vestidos rodados e floridos das moças recebiam gracejos das notas certeiras disparadas pelo violão velho, qual cordas eram tocadas pelos dedos experientes e calejados do artista, que ria-se largamente da beleza de todas elas, percebendo de antemão a quantidade de musas presentes para seus numerosos pedestais de marfim.
Nas memórias de todos ia-se imprimindo um concerto único de beleza pura e sincera, vinda do coração de quem sente demais e não consegue deixar de comunicar ao mundo sua felicidade em viver. Através de versos e sons todos lembrariam-se deste dia para o resto de suas vidas e certamente comunicariam a seus netos, incrédulos do passado, sobre uma das melhores experiências de suas vidas.
O violão calara e o breve silêncio que se dera interrompeu-se à favor de palmas de mãos delicadas e cuidadas, mas não sem vigor de batidas, que cresciam a cada segundo.
Um agradecimento, um bis, outro agradecimento. Uma noite inesquecível.

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